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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Distribuição de farmacos

Quando o farmaco é absorvido e está dentro do sistema vascular ou em caso de vias administrativas que não a oral as quais o medicamento não passa pelo efeito de primeira passagem, este tende a ser distribuído para os meios interstíciais e intracelulares, porém a velocidade com que isto ocorre dependerá de vários fatores os quais se referem à características da molécula do medicamento,fluxo sanguíneo afinidade da molécula por proteínas plasmáticas e tecidos, diferença de pH, modelo de transporte e afinidade por gorduras que em alguns casos serve como reservatório, prolongando a permanência e ação dos farmacos.
Com relação a passagem dos farmacos do sistema vascular para o meio intersticial não é difícil nem mesmo lenta, o que diferentemente ocorre com a difusão de farmacos através de membranas e também com o SNC, onde há uma certa resistência a passagem de substâncias ionizadas. O que chama a atenção para a velocidade de transferência através dos capilares em sua maioria é o tamanho da molécula e não a sua lipossolubilidade. Ainda com relação ao  SNC, que é protegido por 3 membranas denominada barreira hematoencefálica e que é composta pelas camadas aracnóide, pia mater e dura mater, que impedem a passagens de substâncias ionizadas ou polares. Em casos de inflamação ou infecção destas membranas sendo um exemplo a meningite causada por bactérias do gênero Listeria monocytogenes, as fendas destas membranas se distanciam,  facilitando a entrada dos antimicrobianos como as penicilinas que em situações normais não conseguem penetrar por estas membranas e chegar ao sistema nervoso central.
O volume de distribuição que os farmacos podem ser distribuídos ficam em torno de 40 litros, para uma pessoa de 70 Kg e pode ser classificado assim:
Água plasmática = 5 L
Fluído intersticial = 10 L
Fluído intracelular = 20 L
Plasma e fluído do sistema circulatório = 5 L
O volume que o farmaco é distribuído é denominado volume aparente de distribuição(Vd). Este pode ser calculado dividindo-se a quantidade de farmaco administrada pela quantidade de farmaco quantificada no plasma após decorrido um tempo suficiente para a sua distribuição e equilíbrio.
Outro ponto extremamente importante é a ligação do farmaco às proteínas plasmáticas, estas são a albumina, globulinas Beta lipoproteínas entre outras. A principal proteína de ligação plasmática é a albumina, que geralmente os farmacos se ligam a estas de forma reversível apesar de haverem farmacos que se ligam a albumina de forma covalente dificultando a ruptura entre as moléculas.
O fato de ocorrerem estas ligações dos farmacos com as proteínas  influenciam na distribuição, processo de eliminação e  na sua concentração nos tecidos, pois somente as substâncias não ligadas às proteínas é que podem passar por todos os processos acima citados.
Muitas substâncias não fazem uma ligação seletiva  ou apresentam uma grande afinidade pela albumina, e há casos em que vários medicamentos são administrados  nas chamadas politerapias, sendo muitos destes competidores pela ligação com as proteínas plasmáticas em especial a albumina. Este tropismo pode causar uma situação agravante em alguns casos,pois podem deslocar substâncias endógenas que se ligam a estas proteínas, o que pode gerar quadros de intoxicações, mesmo que a dose administrada esteja dentro da dosagem terapêutica.
Um exemplo clássico desta competição é a que ocorre entre as sulfonamidas e a bilirrubina(sua formação inicia-se com a destruição de hemácias e outros eritrócitos no basso, onde são lançadas várias substâncias destes metabolismo, sendo uma molécula que contem o grupo heme que é aberto e libera ferro livre e a biliverdina, a qual é metabolizada pela biliverdina redutase transformando em bilirrubina)pela albumina, onde a afinidade das sulfonamidas é maior e desloca a bilirrubina que estava conjugada, deixando-a livre no sistema circulatório,este problema pode ocorrer com mais facilidade em neonatos, ocasionando o que é chamado de icterícia ou ictéreos ou popularmente o amarelão que causa demência. Outras intoxicações podem ocorrer quando dois ou mais farmacos que tem grande afinidade pela albumina são administrados e nesta competição ocorre o deslocamento de um destes farmacos e ao ficar livre esta substância terá seu teor aumentado nos sítios de ação e em todo o corpo e poderá causar sérias intoxicações.
Há vários reservatórios para os farmacos sendo estes os reservatórios celulares, que são representados pelos músculos e hepatócitos(células do fígado, principalmente quando a administração de um farmaco é crônica. Os reservatórios de gordura, onde os farmacos lipossolúveis tem tropismo por este tipo de material, exemplos de farmacos são o cloridrato de amiodarona, medicamento usado para controle de arritmias cardíacas, barbitúricos, tiopental  entre outras substâncias.
Com relação a placenta, grande parte dos medicamentos atravessam-na o que leva a grande recomendação de só administrar medicamentos em gestantes somente em casos onde o benefício irá superar em muito o risco. Hoje sabe-se que mãe e embrião ou mãe e feto não estão em compartimentos separados e sim fazem parte de um mesmo conjunto, sendo assim o que a mãe ingerir o embrião ou feto irá também ingerir, pois apenas há um atraso no transporte dos farmacos ou outras substâncias da mãe ao feto, o fluxo sanguíneo  ao útero está por volta de 500 ml por minuto e consequentemente este atinge a placenta, ao analisarmos que a dosagem de medicamentos dada a mãe que apresenta uma massa dezenas de vezes maiores que o feto, conclue-se que estes farmacos chegam na placenta através da veia umbilical é muito elevada e pode causar sérios danos.
Literaturas utilizadas :
Farmacologia Moderna; Craig,Charles R; Stitzel, Robert E
As Bases Farmacológicas da Terapêutica; Goodman ; Gilman